
Typhon Tinšel
Talvez... A morte seja como pegar no sono.
Alguma vez você já se sentiu completamente vazio? Um vazio tão grande que não possui nem vontade de sair de sua cama e muito menos ver a luz do sol. Você não possui vontade de existir. Você não consegue recorrer a ninguém, a sua família não liga para você nessa situação, ou até liga, mas não pode interferir. Seu pai lhe força a fazer tudo que ele deseja desde de nova, não tendo descanso, com a sua única forma de escapar disso sendo a escola, onde você é obrigada a forçar um sorriso para enganar a si mesma da realidade. Mesmo em condições precárias, você busca achar coisas boas na vida seja nas estrelas, nas cores, em qualquer coisa, qualquer coisa que te faça esquecer da existência de seu pai por alguns momentos.Estar em casa é uma tortura. Ela está completamente em pedaços, não possui um encanamento, e seu pai não se da nem ao esforço de lhe dar comida boa, tudo o que você come é podre. Isso é, quando você chega a comer algo, afinal a fome é uma realidade, nem sempre é por falta de recursos e sim por conta de castigos e punições, não alimentar os cachorros que costumavam a morder causando diversos sangramentos em seu corpo, resultavam em agressão física e no pior dos casos, sexual. Idas no médico eram recorrentes, os médicos muitas vezes suspeitavam das suas feridas, achando que eram por conta das agressões muitas vezes sofridas, mas seu pai sempre dava uma desculpa. Por algum motivo, ele queria te ver viva, ele queria te ver sofrer mais e mais, talvez seja por isso que você sempre ia pro hospital não importava o quão intoxicada você fosse. O medo aos poucos crescia, o medo de comer, qualquer comida daquela casa sempre estava mofada, podre ou mal tratada, isso quando você não era obrigada a beber água com coloração visivelmente estranha, apenas para não morrer de cedo. Você não sabia se iria resistir muito, mas por algum motivo você queria resistir... Talvez por seus amigos? Nem você mesma sabe por que continua se esforçando para viver.Bebidas, lixo, sujeira, objetos quebrados, você vive assim. Seu pai deixando garrafas no chão da casa e descontando qualquer problema sequer em você, sentia que sua pele estava sempre queimando, que algo nela estava sempre cortada, que algo estava mordido. E estava. Todos os dias um machucado novo, uma nova marca para esconder dos outros, uma nova sequela para se lembrar todos os dias, o que seria da próxima vez? Você todo dia se perguntava isso enquanto ficava na escola mais tempo só para não retornar pra casa, forçando sorrisos para que você consiga viver uma espécie de “vida decente”, tudo para que no final do dia você seja punida por chegar tarde em casa, mas você já tinha esse costume, muitas vezes, você nem sentia nada, a dor já era tão comum, que você nem sentia vontade de reagir... Mas dentro de você a tristeza e a raiva se acumulavam... Você sempre foi fraca... Você sabia que se denunciasse ele iria te matar e não ligaria para o depois... Você tinha que fazer algo, mas o que ser feito em situações assim? Você é fraca. Você é inútil. Você não sabe fazer nada. Afinal, você é vazia.Às vezes, dormir a noite era uma tortura, você não sabe quando vai acordar, como vai, ou se vai. O medo é constante, mas para sua infelicidade você sempre acordava, e acordava pior que no dia anterior. Mas você levantava da cama, ia para escola, voltava tarde... Mas em um dia a rotina mudou, você não havia sido punida, seu pai não estava em casa, você tenta achar alguma migalha de comida decente, e como o esperado não conseguia achar. Comendo o que tinha disponível, você deita, bem tarde como o de costume. Você escuta a porta de sua casa sendo aberta, seu pai grita, ele parece estar bêbado, você apenas ignora e tenta voltar a dormir. Sua porta subitamente é aberta e você vê seu pai furioso por algum motivo, consequentemente você levanta e tenta pedir pra ele se acalmar, e é recebida com o soco, já acostumada você se levanta ainda na tentativa, após isso você vê seu pai pegando a garrafa de vidro no qual estava bebendo e quebrando na parede, talvez por engano ou com intenção de quebrá-la, e nem da tempo de raciocinar, você vê ele perfurando e cortando sua barriga, você começa a chorar e sente que seria mais fácil aceitar a morte, você já estava de frente a ela de qualquer forma, mas sem saber um motivo, você se levanta, deixando seu sangue derramar, você corre com o mais rápido que consegue até a cozinha, tendo no caminho, uma parte de seu cabelo cortado na tentativa de um golpe fatal de seu pai, capengando levemente você pega uma faca da cozinha, desviando de um dos ataques do seu pai e o perfurando uma, duas, três vezes... E você não parava de o cortar, até perceber que estava cortando apenas um corpo morto no chão. O corpo de seu pai que você tinha matado. Após um tempo, com a adrenalina passando, e com suas lágrimas escorrendo, você percebe a situação em que está, a dor em sua barriga retorna, por um momento você tinha esquecido, mas o sangue continuava a derramar, tanto em suas mãos quanto em sua barriga, você larga a faca e tenta sair o mais rápido que consegue até o hospital mais próximo, quando as pessoas em sua volta a veem, sua face é completamente deplorável, uma mistura de sangue e sujeira, juntamente com o sangue que saia de sua barriga o que tornava tudo ainda pior para você e para quem via. E sem perceber, você apenas cai no chão, desmaiando.Dias e noites se passaram, e você finalmente acorda, sem saber que dia era, ou principalmente onde você estava. Você olha pros lados, e vê fios conectados a você, uma sala branca e se sente em uma cama macia abaixo de você, além de algumas pessoas conversando algo que você não consegue reconhecer, sua visão estava turva e era difícil discernir as coisas. Ao ver você acordar, é possível observar uma mulher de cabelos longos e esbranquiçados se aproximar, pondo a mão em seu rosto, você não entendia o motivo disso. Com o tempo sua visão melhorava passava a reparar nas pessoas a sua volta, a mulher de cabelos brancos não lhe era estranha, com esta olhando pra ti, ela começava a chorar te abraçando fortemente por alguns momentos, logo ela se separa e começa a falar, primeiramente perguntando como você está, e querendo entender o que acontecia na sua casa. Você não respondia, mas percebia a sinceridade naquela mulher, e então, ela se apresenta pedindo desculpas: “Desculpa por não poder estar presente na sua vida... Eu juro que tentei... Mas seu pai não me deixava. Sei que você deve estar confusa, mas vai tudo ficar bem daqui pra frente.. A mamãe vai estar do seu lado a partir de agora.” Você tinha uma mãe... Não sabia como.. Nem onde ela estava, nem por que tudo isso estava acontecendo, mas você apenas começou a chorar, as palavras daquela mulher lhe acalmaram e fizeram com que você não se sentisse vazia, dava pra sentir que ela estaria ao seu lado a partir de agora.Após esse dia, o que era cinza aos poucos começou a ganhar alguma cor. Sua mãe não saia de seu lado durante a sua recuperação, vocês tinham bastante em comum, tanto em gostos como em formas de agir, sendo pessoas praticamente identificas nessas características. No meio desse tempo e das conversas soltas com sua mãe ela lhe faz um convite, perguntando se você queria se mudar com ela. Você aceita de imediato, sentindo que iria ter uma vida melhor, mas lembrava também dos poucos amigos que iria deixar aqui ainda no ensino médio. Ia ser difícil se despedir de alguns, mas preferia tentar a vida em algum outro lugar, um local que não lhe desse tantas memórias ruins. Os dias se passavam e você se sentia um pouco mais feliz, fazendo suas malas com as poucas coisas que tinha, se preparando para viver uma nova vida, uma vida em que você pode ser mais livre, saudável e principalmente, poder sorrir sem medo algum. Porém, você tem sempre um pressentimento ruim, sempre parece que algo está faltando, esse sentimento persistia, mas você tentava esquecer, não faltava nada mais, você iria viver bem, de agora em diante.Você tem uma longa viagem, do centro de uma cidade de seu país, para o interior. De uma vida para a outra, uma vida mais tranquila lhe aguardava. Você é recebida nessa nova vida com novos rostos e novas obrigações, além de sua mãe, um companheiro felino estaria junto a ti. Nessa nova cidade você se tornou uma pessoa feliz mais feliz, afinal agora você tem a quem recorrer quando precisar chorar, agora você tem alguém pra poder chamar de família..... Mas mesmo assim, você sentia que faltava algo, com certeza tinha algo faltando. Foi então que você percebeu o que era que estava faltando. O vazio. E pegando seu diário no meio da madrugada você decide escrever:“Querido vazio,Ás vezes quando olho para ti, sinto uma desolação imensa, uma sensação ambígua de que nada faz sentido e tudo tem um porquê para acontecer, ainda que demoro para entender. Lembro de quando eu te questionava, e quando não era respondida, te ignorava; que boba que eu era, sendo infantil à esse ponto, não sabia que ao te abandonar, me abandonava.Por muito tempo, tudo era simples, eu, você, embora a vida não fosse um mar de rosas, sentia que você me completava de alguma forma, hoje em dia, é o contrário, dentro de você, eu me perdi, tentando me encontrar.Querido maldito vazio, hoje queria apenas ter sentido para entender sua falta e sua existência, entendi que com o tempo vem a maturidade e experiência, mas de repente, envelheci neste corpo de moça, neste sorriso triste de menina.Querido vazio, eu nunca quis te odiar, nunca soube como te ignorar, mas quando o perdi, fiquei desorientada. E então, tudo era cinza e eu não sabia o porquê, talvez seja percepção, ou uma nova visão, algo falta, algo como você.Agora sou eu quem corro para recuperar o tempo perdido, sinto que não conseguirei mais te encontrar. Me perdoe pelas vezes em que eu estava errada.
Maldito e infinito vazio.”Quando seus olhos estavam começando a se acostumar com as cores vibrantes do mundo, você aos poucos percebia seu olhar se acinzentando mais uma vez. Conforme os dias dessa nova vida iam seguindo você sentia cada vez mais dificuldade em se conectar com os outros, mesmo estando livre para viver, era difícil conseguir se encontrar e preencher o espaço em branco que o "vazio" tinha deixado. Tentando arrumar formas de seguir em frente, sua mãe lhe dá um auxílio e a entrega alguns livros, ela dizia que era o jeito dela de passar o tempo, lendo histórias, ganhando conhecimento... Você não sabia se tinha cabeça para isso, mas não custava tentar após de inúmeras tentativas, talvez essa fosse a sua solução. Dentro dos livros, você encontrou algo para preencher o vazio que estava carregando consigo, sua mãe e seu animalzinho de estimação, Puck, um pequeno gatinho que sua mãe tinha havia adotado para lhe fazer companhia, estavam constantemente ao seu lado ajudando aos poucos a melhorar sua condição. Você não conseguiu voltar a escola de imediato, pois ainda estava tendo forte acompanhamento médico após tudo o que havia passado, mesmo não indo para a escola, os livros estavam lhe ajudando de uma forma didaticamente também. Sua mãe por ser uma bibliotecária e a dona da biblioteca local deixava você passar o tempo que quisesse na biblioteca, e com isso você se acostumou a ficar ao lado dela enquanto ela cuidava do lugar... Você se acostumou a ter uma vida tranquila e boa, que havia até esquecido o vazio. Aquele buraco, tinha deixado de ser um espaço em branco... Ele estava se preenchendo aos poucos, uma sensação estranha que você vivenciava dia após dia, você se sentia feliz e animada para viver. Mas assim como ninguém gosta de deixar de ser o que é, o vazio não gosta de ser preenchido, e mesmo que você estivesse se sentindo bem, sempre tinha a sensação de faltar algo, você não sabia o que era, mas essa questão sempre era ignorada ao ver sua mãe e seu gatinho, eles pareciam ser as coisas que faltavam, estar com eles era a sua solução.Com as coisas ficando estabilizadas você retornou a escola, era sofrido estar lá e principalmente na socialização. Sua altura não era a ideia para uma garota da sua idade por conta da alimentação ruim que possuía, elas causaram sequelas irreparáveis em seu crescimento, e por mais que isso lhe incomodasse levemente, você conseguiu conviver com isso durante a escola, conseguindo até uma amiga que lhe fazia uma boa companhia. As coisas iam bem para você, e uma rotina havia sido estabelecida, escola, biblioteca e depois ir para casa, tendo assim o costume de passar mais tempo na biblioteca do que em casa, em meio a livros você se sentia confortável e conseguia ficar perto da sua mãe por estar ai, ajudando ela no trabalho de bibliotecária você conseguia viver sua vida bem.Em um dia comum de sua rotina, você decide retornar para sua casa um pouco mais cedo que o habitual, você se despede de sua mãe na biblioteca e decide que irá preparar o jantar hoje na casa de vocês, sua mãe já costuma deixar os ingredientes cortados para quando você quiser cozinhar algo, no caminho de casa, você decide ir por um outro caminho da entrada da sua casa, só para ver um pouco dos arredores, nunca tinha parado para olhar mais atentamente ao redor de sua casa, nem ido até o quintal. Você achou uma vista agradável e por ser perto da cozinha, você entra para ligar o fogão e enquanto o água esquentava, decidiu retornar para o exterior para aproveitar o um pouco do ar livre. O que você imaginava que seria apenas um pouco de ar livre, se tornou o pior dia da sua vida por conta de um passo em falso. Você vive na Bósnia e Herzegovina, um local de guerra em que nem todas as minas terrestres haviam sido retiradas das partes mais costeiras dos país, e você tinha encontrado uma delas no seu quintal da pior maneira. Sendo explodida em direção a parede da sua casa, você não conseguiu entender o que havia acontecido, de imediato você desmaiou e tinha pequenos lapsos de consciência onde via sua casa pegando fogo, e você ali no meio. A explosão por ser perto da cozinha havia pego em cheio no gás e isso desencadeou um fogo enorme que se alastrava rapidamente pela sua casa, nos poucos momentos em que você conseguia se manter acordada, viu claramente seu gato preso por uma tábua de madeira no chão, ele já aparentava estar sem vida, mas mesmo assim, rastejando até ele, você o retirou dali buscando de alguma forma conseguir sair de casa com ele, enquanto se arrastava pelo chão, tentando reconhecer o que seria o caminho até a porta no meio de tanta fumaça, mas enquanto tentava seguir se esgueirando uma tabua de madeira em chamas caiu sobre suas pernas, foi nesse momento em que você pensou: "Se eu pudesse deitar minha cabeça e descansar...", você apoia sua cabeça no chão quente, não pretendendo levantá-la de novo. Você olha para o Puck em seus braços, já sem vida e o abraça, chorando... Pensando mais uma vez: "Se não houvesse nada para lutar ou para proteger... Talvez eu finalmente poderei ser livre. Talvez a morte seja como dormir." e com esse ultimo pensamento, você fecha seus olhos, aceitando a sua morte, e a última coisa no qual você escuta é a sua mãe gritando pelo seu nome.
Dias e noites se passaram, e de alguma forma, mais uma vez você acordou. Em um cenário infelizmente familiar, olhando para os lados você vê uma sala branca, com fios conectados a você, uma cama macia... E algumas pessoas conversando, mas dessa vez sua mãe não está entre essas pessoas. Com os enfermeiros notando você acordada eles começam a te abordar, questionando como você estava se sentindo, sua voz não saia e você olhava para os lados, sentindo suas pernas estranhas, e aos poucos eles explicaram a situação para você. Sua mãe havia morrido para conseguir salvar você, ela foi quem te trouxe para o hospital, mas por conta dos ferimentos e do cansaço de correr até o local, ela não conseguiu resistir, e acabou morrendo na ala cirúrgica, mas ela havia deixada algumas últimas palavras para você "Por favor Typhon, viva. Em algum momento você vai conseguir encontrar uma pessoa que vai te salvar, felizmente, eu pude ser essa pessoa agora, mas não estarei com você futuramente.. Eu te amo." As palavras saindo da boca de uma das enfermeiras eram dolorosas, você não sabia como reagir a elas, então apenas assentiu, o deixando prosseguir, mas ficou com essas palavras gravadas em sua cabeça. O osso da sua perna se fraturou por completo, e tiveram que cortar uma parte dele e substitui-lo por uma parte de metal em ambas as pernas. Isso explicava o por que você estava se sentindo esquisita na parte das pernas... Tudo estava acontecendo tão rápido que você não conseguia processar corretamente, muitos pensamentos estavam na sua cabeça, por que logo você tinha sobrevivido?... Era o principal deles, você estava cansada, você tinha aguentado o máximo que poderia, por aqueles que eram a sua família, você tinha sido forte todos os dias da sua vida, aguentando seu pai, aguentando tudo aquilo que você passava, se reinventando para conseguir viver uma vida, então por que isso tinha que acontecer com você? Por que... A morte não quis te levar dessa vez? Se ela quisesse... Essa era a hora perfeita, o seu mundo está completamente vazio e nada mais irá crescer, nada mais vai te encontrar. Você costumava ter forças, mas agora... Você tinha perdido toda a sua esperança. Então, você finalmente entendeu, o universo não se importa comigo.Mas mesmo assim, a vida, a sua vida continuou, o vazio que antes existia, retornou. Você passou alguns meses no hospital, fazendo fisioterapia e cuidando da sua saúde, o dinheiro que sua mãe tinha deixado era o suficiente para você conseguir sobreviver, além de que a biblioteca agora era sua também, ela seria a sua nova casa por que a sua antiga tinha sido completamente destruída pelo fogo. Após o seu tratamento acabar, e você conseguir andar novamente, você foi até a biblioteca indo em direção até o escritório da sua mãe, escritório esse que agora seria o seu novo quarto. O que costuma ser um lugar em que você se entretinha com livros estava completamente vazio, e a cadeira que a sua mãe sentava, não ia ser mais ocupada por ela. Você iria ter que sentar ali de agora em diante... Sentado nesse lugar pela primeira vez sem ela presente seu coração doía, aquele vazio havia retornado. Uma parte de você estava perdida, e no meio de turbilhões de pensamentos, você decide escrever eles, enquanto chora pedindo por salvação:“Querido vazio,Após muito tempo, eu consegui lhe reencontrar. Buscando te preencher eu esqueci o quanto era cruel comigo, mas apesar de ser cruel, sei que é a parte de mim que se importa e que busca uma explicação para as coisas.Querido vazio, quando eu pensei que tinha me livrado de você, estava enganada, pois duvidei do quão forte você era, tentava reconstruir as coisas que você destruiu em mim, concertando pedaço por pedaço, até que hoje percebi que era inútil.Pensei que havia me curado, mas na verdade, eu apenas achava que meus momentos de felicidade eram eternos. Porém eu estava apenas adiando meus sintomas. No fundo, eu apenas estava ignorando minha doença, e ela ficou cada vez mais forte. Como ignorar um câncer, e o tumor aumenta até que se torne perigoso.Querido vazio, você sugou tudo. Você fez eu me amadurecer muito cedo, e isso me trouxe terríveis sequelas. O vazio que você trouxe até mim, em forma de uma consequência gerada de uma atitude terrível. Antes eu não pensava sobre a vida, mas agora que pensei demais não quero mais vivê-la. Você é hipócrita por me mostrar motivos pra não vivê-la, mas não tirar minha própria vida.Hoje na janela, brilha um sol, uma luz tão forte que mesmo assim não consegue suprimir a sua escuridão. Mesmo te odiando, fico triste em pensar em você, pois agora você é tudo que eu tenho e eu não sei como as coisas vão ser daqui em diante. Essa noite quase nem dormi, só pensando que hoje eu retornaria para o local em que minha mãe mais ficava. Erámos tão felizes e agora não sei como vão ser as coisas... Ela foi embora e meus sonhos se foram com ela. Agora só resta você. Maldito e infinito vazio.”